segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Origem dos Mafagafos

Os mafagafos, ao contrário do que se pensa, não são pássaros. São, na verdade, uma espécie de roedor, muito parecido com as capivaras brasileiras - menores, claro - que viviam na península ibérica. A confusão deve-se ao trava-língua que fala em "ninho de mafagafos". O que não é um erro, tendo em vista que os roedores também fazem ninhos para acolher sua prole. No caso dos mafagafos, seus ninhos eram montados em tocas às margens dos rios.

Os mafagafos foram extintos no final do século XVII. Sua carne era muito apreciada pela população local e sua caça extremamente fácil, o que levou ao fim desta espécie. Uma das características destes animais era a permanência no ninho até quase adultos sob o cuidado dos pais. Como este processo era longo, até o amadurecimento de uma ninhada, surgiam outras, tendo, num mesmo ninho, grupos de filhotes com idades diferentes. O casal mafagafo, aliás, não se separava e, quando um morria, o outro permanecia sozinho pelo resto da vida. Se ainda tinha filhotes, continuava a mantê-los.

O filhote mafagafo era muito frágil e dependente. Quando ouviam o som característico de seus pais voltando - que sempre saíam juntos confiantes da proteção do ninho - , colocavam a cabeça para fora da toca, ansiosos pelo alimento que receberiam. Então, era comum que caçadores imitassem este som através de apitos feitos de madeira e, quando os filhotes botavam a cabeça para fora, estes eram atingidos pelos caçadores com um pedaço de pau. Os que não conseguiam sair, os menores, acabavam sobrevivendo da tocaia fugindo para o fundo da toca. Assim, as ninhadas mais novas conseguiam sobreviver. O curioso é que havia uma proporção entre os filhotes mais velhos, ou seja, os que foram atingidos, de acordo com a idade aproximada deles, e os demais. Com um sofisticado cálculo, podia-se deduzir a quantidade de filhotes que havia no ninho a partir dos mafagafos abatidos.

Na cultura local, para estimular tanto a caça, quanto o raciocínio, os pais indagavam às crianças a pergunta a que tanto estamos acostumados: se desmafagafássemos (termo que significava abater mafagafo) cinco mafagafos, quantos mafagafos teríamos? O cálculo se perdeu no tempo. Ficou apenas a pergunta como desafio. Mas, desafio mesmo, era a resposta.

É tudo verdade!