segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Boas Maneiras?

Acabei de voltar de um supermercado. Era um desses bem grandes, hipermercado! Havia quarenta caixas de atendimento e uma constatação: não havia nenhum empacotador! Havia uma plaquinha informando que, caso o cliente precisasse de ajuda, era só pedir que alguém o ajudaria. Como a maioria não precisa de ajuda, deve haver um único funcionário com essa atribuição. Ou seja, possíveis quarenta postos de trabalho, sem contar os turnos, que não existem. Isso não quer dizer que os clientes carreguem suas compras soltas até o carro ou pelas ruas. As compras ainda são devidamente acomodadas em pacotes. Mas o empacotador agora é o próprio cliente. E esse trabalho é feito de graça.
Cada vez mais é comum esse tipo de situação onde o cliente substitui gratuitamente a mão-de-obra. Veja as praças de alimentação dos shoppings. Quem limpa as mesas? Provavelmente você mesmo. Se não o faz, olhares acusadores o persegue. E seriam seus esses olhares se o descuidado fosse outro. É possível que você já encare isso como uma obrigação. É por isso que cada vez mais lanchonetes e restaurantes adotam esse sistema. Sabem que basta uma lixiera com um "Muito Obrigado" para que nosso senso de boas maneiras nos leve a trabalhar.
Mas, e se nos negássemos a fazer esses trabalhos? Quais as conseqüências? Provavelmente os shoppings não correriam ao risco de perder a imagem de lugar limpo e providenciaria os meios de mantê-los assim. Veríamos mais pessoas trabalhando - e não de graça - para isso. Os supermercados também não gostariam de ver filas se formando nos caixas aguardando o único rapaz que ajuda no empacotamento e providenciaria outros tantos para essa tarefa. Claro que isso implica aumento de custos que, claro, nos seriam repassados. Mas talvez seja um custo baixo para os benefícios gerados, como aumento de postos de trabalho, comodidade - vale lembrar que ainda somos os clientes -, e redução do risco de termos que lavar os pratos daqui a algum tempo.

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