segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O Retorno

Três dias depois de ter saído subitamente pelo portão da frente e se perdido pelas ruas da cidade que mal conhecia, Oswaldo retornou a sua casa. O portão estava providencialmente entreaberto, o que permitiu sua entrada sem ser notado. Estava assustado, cansado e com medo de como seria recebido. Nunca havia ficado tanto tempo sozinho longe e sem proteção de sua família.

Primeiro deu poucos passos, parou, olhou o entorno atento. Estremeceu ao ouvir o barulho de um abacate caindo do pé. Seus olhos ficaram esbugalhados de medo e ficou paralisado por um instante. Quando retomou a respiração, começou a andar lentamente pelo quintal, como que reconhecendo o lugar. Pensou em entrar ou chamar para avisar que tinha voltado, mas lhe faltou coragem. Continuou a andar, foi até os fundos e se sentou na calçada para descansar um pouco. Exausto, não resistiu e pegou no sono. Mesmo ali na calçada, ainda escondido, conseguiu dormir sossegado, se sentido já em casa. Até que ouviu alguém gritando: Oswaldo! Seu cretino! Por onde andou?

Outro susto! Saiu do anonimato e estava frente a frente com seu maior medo agora, o de ser rejeitado, o de não ser mais aceito. Tremendo, de cabeça baixa, com os olhos marejados, tentou dizer alguma coisa e o que saiu foi mais um lamento, um choro contido. Viu uma cara amarrada, como que tentando decidir seu destino. Então, aparece o menino correndo, avisado de seu retorno pelo grito, com um sorriso enorme e o abraça, rindo e chorando: Oswaldo, você voltou, você voltou! A mãe do menino também abriu um sorriso e também se aproxima: nunca mais faça isso, Oswaldo! Quer matar a gente de susto? Nunca mais... Oswaldo, sem se conter de alegria, abandou o rabo e os lambeu como se fossem um enorme pote de sorvete.

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